Vamos falar de um dos temas mais delicados e graves que temos abordado: a depressão, um grande precursor dos padrões de suicídio. O niilismo – essa sensação de "eu desisto de viver" – muitas vezes se manifesta por caminhos que parecem racionais para quem o sente. Mas antes de aprofundarmos, quero lembrar que isso faz parte de um projeto que desenvolvi: "Depressão: Risco e Prevenção ao Suicídio."
A primeira coisa que precisamos entender é que a depressão não está necessariamente ligada a um histórico de traumas intensos ou de sofrimento constante. É possível que uma pessoa que teve uma vida aparentemente feliz venha a desenvolver depressão, da mesma forma que alguém que viveu uma vida muito sofrida. Não há um padrão único, uma regra.
A depressão é um processo bioquímico real, com bases neurológicas e psicopatológicas. No consultório, observo frequentemente que o pensamento excessivo sobre o passado, sobre perdas ou arrependimentos, gera melancolia. Isso, por sua vez, afeta os níveis de neurotransmissores no cérebro, diminuindo a atividade nas sinapses e aprofundando o estado depressivo. Há uma verdadeira ciência por trás disso, que eu discuto detalhadamente nas formações que ofereço.
O eixo cérebro-intestino, por exemplo, tem se mostrado uma área de estudo essencial para entender o impacto da depressão. Uma má nutrição pode prejudicar a produção de serotonina e outros neurotransmissores cruciais para o bem-estar. Ou seja, cuidar da saúde mental também passa pela alimentação.
Quando a depressão se aprofunda, muitos chegam ao ponto de tomar uma decisão que, para eles, parece inteiramente racional: tirar a própria vida. Aqui está algo importante para você lembrar: a decisão de morrer, para quem a toma, é lógica e ponderada. Essas pessoas muitas vezes já fizeram todos os cálculos na mente e chegaram à conclusão de que a vida não vale mais a pena. Mas é aí que você, como amigo, familiar ou alguém próximo, pode fazer a diferença. Não se trata de atribuir responsabilidade pela morte de alguém, mas de reconhecer o valor da sua empatia, de sua escuta.
É crucial desmistificar essa ideia de que depressão é frescura, algo que pode ser resolvido com um "vai dar uma volta" ou "vai trabalhar e você se sentirá melhor". Essas atitudes podem acelerar o processo de niilismo, aprofundando a percepção de que a vida não vale mais a pena. Ao invés disso, aprenda a ouvir. A pergunta que não fazemos pode ser a mais importante. Pergunte mais, ouça mais.
Você pode estar pensando: "Mas o que eu posso fazer?" Comece removendo o estigma, abra espaço para o diálogo. A decisão de alguém em risco precisa ser externalizada, e muitas vezes o simples ato de fazer perguntas com genuíno interesse pode salvar uma vida. Eu sempre digo: "Se você não quer ser parte da cura de alguém, não seja parte da doença." Comentários desinformados e preconceituosos só aumentam a racionalização da não-vida.
"O que machuca não é o que entra pela boca do homem, mas o que sai dela." — Jesus Cristo
Lembre-se de que o suicídio é um processo cognitivo. Perguntar sobre planos ou pensamentos suicidas não coloca a ideia na cabeça de ninguém, mas permite que a pessoa exponha suas emoções, seus medos. Elas precisam falar, desabafar, colocar para fora aquilo que tanto as aflige. Quando essas ideias são confrontadas, muitas vezes se desfazem.
Minha missão tem sido clara: ajudar famílias a compreender e agir. Tenho atendido inúmeros pacientes, e é visível como o apoio familiar, o acolhimento e a compreensão podem ser transformadores. O amor vence barreiras. E, como costumo dizer, "Ainda não é o fim" – essa é a mensagem que precisamos levar para quem está nesse estado.
Se você chegou até aqui, é porque está realmente comprometido com esse tema. E saiba, você faz a diferença. Como familiar, amigo ou apenas alguém que está disposto a aprender, sua capacidade de ouvir, perguntar e acolher pode salvar vidas. O amor, o apoio e o conhecimento são armas poderosas contra a depressão e o suicídio.
Para você que está passando por esse momento de niilismo, quero que saiba: há esperança. Sempre há uma porta que você ainda não abriu. Eu convido você a refletir sobre isso e a procurar ajuda. O suicídio não é a saída; é apenas um pensamento momentâneo. E eu estou aqui, como sempre estive, para acolher, ouvir e, juntos, encontrar a saída.
Finalizo com uma mensagem do fundo do coração: não desista. Há sempre uma nova chance, uma nova oportunidade de viver. Se você está passando por um momento difícil, lembre-se: "Ainda não é o fim." Que Deus te abençoe e que você encontre paz no coração. Nos vemos no próximo episódio.
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Grato por ser parte da cura.