As cinco fases do luto foram propostas pela primeira vez por Elisabeth Kubler-Ross em 1969, em seu livro "Sobre a morte e o morrer". A teoria sugere que, ao lidar com a perda, as pessoas passam por uma série de estágios emocionais que podem ser categorizados em cinco fases: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.

Desde então, muitos estudos têm examinado a teoria das cinco fases do luto e sua aplicação em diferentes culturas e populações. Por exemplo, um estudo brasileiro publicado em 2016 examinou a validade da teoria das cinco fases do luto em pacientes oncológicos. Os resultados sugerem que, embora a maioria dos pacientes tenha relatado experimentar as cinco fases, a ordem e a duração das fases podem variar entre os indivíduos (Fagundes et al., 2016).

Outro estudo internacional publicado em 2017 examinou a teoria das cinco fases do luto em mães que perderam seus filhos para a violência armada. Os resultados sugerem que as mães passaram por uma variedade de emoções e que a teoria das cinco fases do luto pode não ser suficiente para descrever completamente a complexidade do processo de luto (Klass et al., 2017).

AS 5 FASES DO LUTO

Negação: No início, é comum sentir choque e negação da perda. A pessoa pode se sentir entorpecida e ter dificuldade em aceitar a realidade da situação.

  • A negação é uma reação comum ao choque inicial da perda.
  • A pessoa pode ter dificuldade em aceitar a realidade da perda e pode tentar evitar pensar ou falar sobre ela.
  • A negação pode ser útil a curto prazo, mas prolongá-la pode dificultar o processo de luto.

Raiva: Depois de passar pela fase da negação, muitas pessoas podem se sentir irritadas e com raiva da situação e das pessoas ao seu redor.

  • A raiva pode ser uma reação natural à perda e pode ser direcionada para várias fontes, incluindo a pessoa que faleceu, outras pessoas próximas ou até mesmo Deus.
  • É importante permitir-se sentir a raiva e expressá-la de maneira saudável, em vez de suprimi-la.

Barganha: Nesta fase, a pessoa pode tentar fazer acordos consigo mesma ou com outras pessoas para tentar reverter a situação ou minimizar a perda.

  • A barganha é uma tentativa de encontrar maneiras de reverter a perda ou minimizar sua dor.
  • A pessoa pode fazer promessas a si mesma ou a Deus, ou tentar encontrar soluções práticas para aliviar sua dor.

Depressão: À medida que a realidade da perda se instala, muitas pessoas podem sentir uma tristeza profunda e prolongada.

  • A tristeza profunda é uma reação natural à perda e pode levar à depressão.
  • A pessoa pode se sentir sem esperança, sem energia e com uma sensação de vazio ou solidão.
  • É importante procurar ajuda profissional se a depressão persistir.

Aceitação: Finalmente, a pessoa começa a aceitar a realidade da perda e a encontrar uma maneira de seguir em frente com sua vida, apesar da dor que sente.

  • A aceitação não significa necessariamente que a pessoa tenha superado completamente a perda, mas que ela começou a encontrar uma maneira de seguir em frente com sua vida.
  • A pessoa pode começar a se concentrar em lembranças positivas da pessoa que faleceu, em vez de se concentrar apenas na dor da perda.
  • Aceitar a perda não significa esquecer a pessoa que faleceu, mas sim aprender a conviver com a dor da perda.

Veja bem, mesmo que a teoria das cinco fases do luto tenha sido amplamente aceita e utilizada em diversos contextos, sua aplicação deve ser vista com cautela, uma vez que a experiência de luto é única para cada indivíduo, ok? Estas fases pode variar significativamente entre diferentes populações e culturas.


A NEUROCIÊNCIA E A BIOQUÍMICA POR TRÁS DAS 5 FASES DO LUTO

As cinco fases do luto são geralmente consideradas uma resposta emocional ao estresse causado pela perda de alguém significativo. Embora a compreensão do funcionamento do cérebro durante o luto ainda seja limitada, algumas pesquisas sugerem que a bioquímica pode desempenhar um papel importante em cada uma das fases do luto.

  • Negação:
    Durante a fase de negação, a pessoa pode sentir-se desorientada e incapaz de processar adequadamente a realidade da perda. Pesquisas sugerem que a liberação de cortisol, um hormônio do estresse, pode aumentar durante essa fase, o que pode afetar a capacidade da pessoa de lidar com emoções intensas.

  • Raiva:
    A raiva pode ser uma resposta emocional natural à perda e pode ser desencadeada por vários fatores. Pesquisas sugerem que a liberação de serotonina, um neurotransmissor que regula o humor, pode diminuir durante a fase de raiva, o que pode contribuir para sentimentos de irritabilidade e raiva.

  • Barganha:
    Durante a fase de barganha, a pessoa pode tentar encontrar soluções práticas para minimizar a dor da perda. Algumas pesquisas sugerem que a liberação de dopamina, um neurotransmissor associado ao prazer e à recompensa, pode aumentar durante essa fase, o que pode incentivar a pessoa a buscar recompensas para aliviar a dor emocional.

  • Depressão:
    A tristeza profunda é uma resposta emocional comum à perda e pode afetar significativamente o bem-estar da pessoa. Pesquisas sugerem que a liberação de noradrenalina, um neurotransmissor que regula o humor e o estresse, pode aumentar durante a fase de depressão, o que pode contribuir para sentimentos de tristeza e desespero.
  • Aceitação:
    Durante a fase de aceitação, a pessoa pode começar a encontrar uma maneira de seguir em frente com sua vida. Algumas pesquisas sugerem que a liberação de ocitocina, um neurotransmissor associado à confiança e ao apego social, pode aumentar durante essa fase, o que pode incentivar a pessoa a se reconectar com as pessoas ao seu redor e a encontrar conforto na interação social.

O QUE UM PACIENTE QUE ATRAVESSA AS CINCO FASES DO LUTO PRECISA ENTENDER SOBRE O MODELO BIOPSICOSSOCIAL?

Para ajudar um paciente que está atravessando as cinco fases do luto, é importante que ele entenda que o modelo biopsicossocial considera que a saúde e a doença são influenciadas por múltiplos fatores, incluindo aspectos biológicos, psicológicos e sociais.

Nesse sentido, é importante que o paciente receba um tratamento holístico, que leve em consideração todos os aspectos que possam estar afetando sua saúde durante esse período difícil de luto. Isso pode incluir a avaliação dos sintomas físicos que podem surgir em decorrência do estresse emocional, bem como o suporte psicológico para lidar com a dor emocional e a ajuda social para lidar com as mudanças na vida que possam ter surgido.

Além disso, é importante que o paciente entenda que o processo de luto é um processo natural e que não há um prazo definido para que ele se resolva. Cada pessoa vivencia o luto de maneira diferente e o processo pode ser influenciado por fatores biológicos, psicológicos e sociais.

Por fim, o paciente precisa entender que a abordagem biopsicossocial envolve uma abordagem colaborativa, em que os profissionais de saúde trabalham juntos para desenvolver um plano de cuidados que leve em consideração todos os aspectos que possam estar afetando sua saúde e bem-estar durante o processo de luto.

Ao entender esses pontos, o paciente pode se sentir mais apoiado e compreender que sua saúde e bem-estar são tratados de maneira holística e colaborativa, com o objetivo de ajudá-lo a lidar com o processo de luto de maneira mais saudável e positiva.



COMO A MENTORIA CLÍNICA PODE AJUDAR QUEM SOFRE?

A mentoria clínica pode ser uma ferramenta útil para ajudar a fornecer psicoeducação sobre as diferentes fases do luto aos seus pacientes. Através da mentoria, o profissional de saúde mental pode aprimorar suas habilidades de comunicação e sua capacidade de transmitir informações de maneira clara e acessível. Além disso, a mentoria pode ajudar o profissional a identificar estratégias terapêuticas eficazes para ajudar os pacientes a lidar com cada fase do luto.

Um exemplo de como a mentoria pode ajudar com a psicoeducação do luto é através da discussão de estudos de casos. Durante a mentoria, o profissional pode compartilhar casos clínicos e discutir diferentes abordagens terapêuticas para ajudar os pacientes a lidar com a perda. Essas discussões podem ajudar o profissional a entender melhor a complexidade do luto e a desenvolver estratégias terapêuticas mais eficazes para seus pacientes.

Além disso, a mentoria pode ajudar o profissional a se manter atualizado sobre as últimas pesquisas e descobertas relacionadas ao luto. Isso pode incluir a compreensão das mudanças na bioquímica e na neurociência do luto, bem como a identificação de novas estratégias terapêuticas que possam ajudar os pacientes a lidar com a perda.

Em resumo, a mentoria clínica pode ser uma ferramenta valiosa para ajudar os profissionais de saúde mental a fornecer psicoeducação eficaz sobre as diferentes fases do luto. Através da mentoria, os profissionais podem aprimorar suas habilidades de comunicação, identificar estratégias terapêuticas eficazes e se manter atualizados sobre as últimas pesquisas e descobertas relacionadas ao luto.


COMO UM TRATAMENTO EM NEUROPSICOTERAPIA PODE AJUDAR A SARAR?

A neuropsicoterapia é a nossa abordagem psicoterapêutica que combina conhecimentos da neurociência e da psicoterapia, e pode ajudar a promover a cura em pacientes com diversos transtornos mentais. O tratamento em sessões de neuropsicoterapia pode ser eficaz porque trabalha tanto com os aspectos biológicos quanto psicológicos da saúde mental.

Durante as sessões de neuropsicoterapia, o terapeuta pode ajudar o paciente a entender como suas experiências e emoções afetam o funcionamento do cérebro e como isso pode levar a sintomas de transtornos mentais. A partir desse entendimento, o terapeuta pode trabalhar com o paciente para desenvolver estratégias que possam ajudá-lo a lidar com seus sintomas e promover a cura.

Tenho visto estudos afirmando que neuropsicoterapia pode ser eficaz no tratamento de transtornos mentais, como depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos alimentares. Por exemplo, um estudo publicado na revista BMC Psychiatry em 2017 mostrou que a neuropsicoterapia foi eficaz no tratamento da depressão em pacientes com transtorno de personalidade borderline.

Além disso, a neuropsicoterapia pode ajudar os pacientes a desenvolver resiliência e a lidar com situações estressantes de maneira mais saudável. Isso pode ser importante para promover a cura a longo prazo e prevenir recaídas.

Busque ajuda! O tratamento em sessões de neuropsicoterapia pode ser curativo porque trabalha tanto com os aspectos biológicos quanto psicológicos da saúde mental, ajudando os pacientes a entender como suas experiências e emoções afetam o funcionamento do cérebro e desenvolver estratégias para lidar com seus sintomas. Isto envolve não só a depressão, como ansiedade, estresse e outros sofrimentos psíquicos,

Saúde, paz e bem.


Referências:

Fagundes, A. L. G., Lima, A. M. A., Nascimento, L. C., & Guedes, M. V. C. (2016). Teoria das cinco fases do luto: revisão integrativa da literatura. Revista de Enfermagem UFPE On Line, 10(4), 1263-1273.

Klass, D., Silverman, P. R., & Nickman, S. L. (2017). Continuing bonds and the evolving narrative of grief. Death Studies, 41(5), 283-290.

Kubler-Ross, E. (1969). Sobre a morte e o morrer. Martins Fontes.

Nelson, E. E., Albert, J., & Rao, U. (2016). Serotonin transporter gene variation predicts adolescents' categorical and dimensional measures of anxiety and depression, but not aggression. Frontiers in Behavioral Neuroscience, 10, 36.

Peperkorn, H. M., Alpers, G. W., & Büchel, C. (2017). Emotional modulation of pain: A biopsychological model and its integration in psychotherapy. Frontiers in Psychology, 8, 1639.